Aleister Crowley e o Rock and Roll.

Publicado por Cris Fagundes - 28/08/2012 - 16h48

Boa tarde galera, hoje iremos falar sobre uma figura muito importante para a sociedade como um todo, com seus pensamentos e doutrinas que influenciaram e estão presentes em várias partes da sociedade, e como não poderia deixar de ser, se faz muito presente no nosso Rock and Roll, portanto, vamos fazer um passeio sobre a ligação e influência de Aleister Crowley e o Rock and Roll, sem mais delongas, vamos aos trabalhos.

Aleister Crowley.

 Aleister Crowley (1875 -1947), mago e escritor ocultista inglês, foi um poeta da liberdade irrestrita e da vontade como máxima soberana, além de defensor do uso de sexo e drogas para fins mágicos. Ele foi partidário de um individualismo extremista, apregoando a autonomia individual na busca de liberdade e satisfação das inclinações naturais, em detrimento da hegemonia da coletividade massificada e despersonalizada. Sua magia condena todas as formas de poder e autoridade que restrinjam a soberania e a liberdade absoluta do indivíduo.

Nos anos 1960 e 1970, a sua doutrina do Novo Aeon, indo ao encontro da necessidade de contestação da juventude, ganhou força nos movimentos contraculturais que anunciavam a era astrológica de Aquário, que os jovens tentavam materializar em comunidades alternativas.

O que é o Novo Aeon.

O Novo Aeon, anunciado pelo escritor inglês Aleister Crowley no início do século XX, se apresenta como alternativa que procura suprir as necessidades que o sistema se mostrou incapaz de satisfazer. Assim, procura preencher as lacunas deixadas pelas instituições estabelecidas, que não conseguiram concretizar as promessas de “igualdade, liberdade e fraternidade” e “ordem e progresso”.

A redenção posta no futuro – todo dia 31 de dezembro desejamos que o ano seguinte seja melhor e diferente – sustenta o sistema dominante. O princípio da indiferenciação – todo mundo usando roupa branca, bebendo espumante e apreciando os fogos de artifício – busca homogeneizar a sociedade, dissolvendo as individualidades numa totalidade cega, sem deixar lugar para a realização das vontades individuais.

A indústria cultural – televisão, rádio, jornais, revistas, internet – induz ao consumo de mercadorias para que o consumidor se sinta integrado a uma totalidade ou a uma comunidade, com suas crenças, hábitos, modas, estilos, ídolos e ilusões. Assim, por exemplo, as festas de réveillon de todo mundo tem os mesmos tipos de comida, bebida, vestuário, música.

Aleister Crowley, em contrapartida, defende que “todo homem e toda mulher é  uma estrela”, isto é, cada ser humano é único e exclusivo, dotado de vontade e pensamentos próprios, sendo a distinção algo característico do humano e, portanto, sua condição de semelhança. O que temos em comum é que somos todos diferentes. Com o livre desenvolvimento de cada um sendo a condição do livre desenvolvimento de todos, os astros farão sua trajetória uns em torno dos outros, respeitando-se as diferenças.

Crowley, por ser uma figura mítica e controversa, também despertou muito interesse entre artistas, tornando-se guru da contracultura e do rock. Exemplar é a capa do álbumSgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band” (BEATLES, 1967),criação do artista Peter Blake, que reúne imagens de 62 pessoas a quem os Beatles admiravam. Na linha de cima, entre o guru hindu Swami Sri Yukteswar Giri e a atriz americana Mae West, podemos ver Aleister Crowley.

"Aleister Crowley na capa do álbum "Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band"-(BEATLES, 1967).

 Outros roqueiros  também prestaram suas homenagens: Jimmy Page, do Led Zepellin, um dos mais famosos estudiosos da obra de Crowley . Além de adquirir manuscritos e objetos pessoais de Crowley, Page chegou a comprar a mansão do bruxo  Boleskine House, refúgio  às margens do lago Ness, na Escócia onde Crowley teoricamente faria seus rituais; David Bowie cita o mago na canção “Quicksand”, do disco The man Who sold the world; Ozzy Osbourne compôs a música “Mr. Crowley”. Recentemente, os alemães do Edguy gravaram “Aleister Crowley Memorial Boogie”, do disco Age of the Joker.

No Brasil, o mais ilustre seguidor do ocultista inglês foi Raul Seixas. Embora o cantor nunca tenha comentado publicamente com clareza e detalhes suas experiências em sociedades iniciáticas, as canções explicitam que ele lançou sua Sociedade Alternativa a partir dos ensinamentos de Crowley. O maluco beleza parece ser o artista que mais faz referências ao mago inglês.

Dentre os mais ilustres discípulos do mago inglês encontramos Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden. Em um dos discos mais importantes da banda, Piece of Mind, a canção “Revelations”, sobre o Apocalipse bíblico, faz referência a Crowley, que se autodenominava o 666. O verso Just a babe in a Black abyss (“Apenas um bebê em um abismo negro”) remete à metáfora thelêmica de “bebê do abismo”, um termo para designar aquele que mergulha e atravessa um abismo metafísico e psíquico entre os universos espiritual e material.

Em Powerslave, a música-título conta a estória de um faraó – deus vivo na Terra – que recusa a morte e deseja permanecer no poder. O primeiro verso menciona o “Olho de Hórus” – Hórus, segundo Crowley, é o deus do Novo Aeon, a fórmula mágica da criança coroada e conquistadora que transcenderia o decadente Velho Aeon de Osíris, seu pai.

“Moonchild”, do álbum Seventh Son of a Seventh Son, é o título de um dos livros Crowley. Tanto a obra original quanto a canção falam sobre a união de dois magistas (homem e mulher) e o nascimento de um ser supra-humano ou uma supraconsciência.

No álbum do Iron Maiden, The Final Frontier”, a influência de Crowley é marcante. A música “Starblind” se refere ao conflito entre a religião dogmática e repressora do Velho Aeon e o desejo de liberdade do Novo Aeon. No mesmo disco,The Alchemist” faz uma referência implícita ao alquimista e clarividente Edward Kelley (1555-1597), de quem Aleister Crowley acreditava ser a reencarnação.

Em sua carreira solo Dickinson faz uma série de referências ao mago. “Man of Sorrows”, de  Accident of Birth, fala do próprio Crowley quando menino, profetizando o seu futuro quando iria então anunciar a aurora do Novo Aeon. A letra também cita a Lei de Thelema, fórmula mágica da nova era: do what thou wilt, “faze o que tu queres”.

O disco The Chemical Wedding e sua música-título, que tem o mesmo nome do filme sobre Crowley produzido por Dickinson, se refere ao manifesto rosacruz intitulado The Chemical Wedding of Christian Rosenkreutz , que narra o casamento alquímico de um rei e uma rainha, alegoria para a união sexual do masculino com o feminino. E, como se sabe, a magia sexual era uma prática central na doutrina thelêmica.

 “O número 666 chama-se Aleister Crowley”, canta Raul Seixas em Sociedade Alternativa. O próprio escritor inglês se autodenominava  666, que no Apocalipse bíblico se refere ao número da Besta. A alcunha é uma provocação à moral e aos bons costumes ocidentais, pois o Diabo é visto como forma de representação oposta às religiões tradicionais, com suas censuras e restrições espirituais, intelectuais, emocionais e sexuais. Entretanto, Crowley não tinha relação com satanismo ou magia negra. O número 666, no diagrama cabalístico da Árvore da Vida, corresponde ao número mágico do sol. Nas provocativas palavras do mago: “Isso significa apenas luz do Sol. Você pode me chamar de Pequena Luz do Sol”.

Nesse discurso holístico, que busca ultrapassar toda forma de dualismo, bem e mal aparecem abraçados num romance astral, assim como Deus e o Diabo. A dualidade bem X mal se constitui como legitimação de estruturas concretas de poder e dominação da política desgastada do Velho Aeon. A propósito Raul Seixas diz o seguinte: “Até que o Diabo é uma figura simpática, porque eu acho que o Diabo e Deus, hoje em dia, estão no céu tomando cálices e cálices de vinho e curtindo a cara do Bem e do Mal da gente, morrendo de rir da babaquice da gente, sabe?”

Nos anos 1960 e 1970, como sabemos, Aleister Crowley despertou muito interesse entre artistas, tornando-se guru da contracultura e do rock. Esse estilo musical,que desde suas origens foi associado, de uma forma ou de outra, ao ocultismo e ao satanismo, tem sido frequentemente acusado de incitar a rebeldia e despertar, nos jovens, sentimentos transgressores.

O rock em geral, apesar do aspecto subversivo, foi cooptado pela indústria cultural, que fatura em cima do seu sucesso comercial.  No Brasil, tornou-se o carro-chefe da indústria fonográfica nos anos 1980, reforçando a lógica do capitalismo de consumo e suas finalidades conservadoras.

A indústria cultural percebeu que o rock tem apelo para a juventude e iniciou o processo de assimilação e domesticação dos rebeldes, convertidos então em astros. Na década de 1970 o rock alcançou o patamar de grande negócio no mercado internacional, mas o modelo de sucesso comercial já existia desde os anos 1950, quando foi lançado por Elvis Presley.

 O rock se caracteriza muito mais por um protesto contra os valores do Velho Aeon do que realmente por um movimento com propostas efetivas. Podemos dizer que o rock tenta expurgar os antigos valores, exorcizando os fantasmas, rompendo os grilhões,sempre em busca de alternativas para viver dentro das cercas embandeiradas do Velho Aeon.

A ironia é que no contexto do capitalismo tardio até mesmo as ideias mais subversivas precisam dos meios disponíveis no mercado para se pronunciar. Ainda resta saber se existem meios através dos quais as utopias possam vir a ser reinseridas nos interstícios da sociedade. E os thelemitas acreditam tanto no poder da utopia que lançaram a campanha de Aleister Crowley para presidente dos Estados Unidos.

Por hoje é isso galera, deixo abaixo alguns vídeos de músicas, bandas e artistas influenciados por Aleister Crowley.

Ozzy Osbourne – Mr Crowley (Ao Vivo 2009).

http://www.youtube.com/watch?v=5bbfGWGZ6NM

Iron Mainden – Revelations ( Flight 666).

Iron Maiden – Starblind.

Bruce Dickinson – Man of Sorrows.

http://www.youtube.com/watch?v=ie-PKJydCW4

Edguy – Aleister Crowley Memorial Boogie.

Tenham todos uma ótima tarde e até a próxima.

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5 comentários publicados
  1. Valter Ribeiro Leal

    Nos anos 70 eu fui roqueiro obtinado mas hoje aos meus 65 anos, não sou mais roqueiro. Quando eu fora roqueiro gostava das bandas como Deep Purple, Grand funk railroad, Nazareth e outras mas após os anos 70 o rock se tornou num conglomerado de Banda de Gays e Satanistas conscientes ou inconsiscientes e eu os repreendo em nome de Jesus Cristo nosso Salvador e Redentor.

  2. Pedro Cardoso

    não sou satânico e não apoio o satanismo teísta, mas como todo religião esta deve ser respeitada. esses cantores provavelmente são satanistas, sim, mas provavelmente seguidores de Lavey, que usava Satan com uma imagem, um símbolo de liberdade. mas independente disso, qualquer religião n cristã vai contra as outras religiões, por estas não aceitarem a ideia de um único deus ou a jesus, você a partir de agora só poderá ouvir música (e gostar de artistas) gospel, algo grande e fácil de ser encontrado, mas extremamente limitado. pense um pouco no fato de q vc n estará seguindo a alguma lógica se recusar uma única religião, sua vida será mais ampla e certa se (como eu e provavelmente o escritor ali de cima, Cris Fagundes) você, por mais q n goste de algo apenas o respeite. respondendo sua pergunta, sou cristão sim, mas n sou mente fechada

    • Vanessa

      Pedro, se você é cristão e compactua com uma coisa dessas, você não é liberto. Mas Jesus pode te libertar, se você admitir e buscar sua libertação.
      Que Deus tenha misericórdia de você.

  3. Walter - São Paulo

    É muita inocência do autor dizer que Aleister Crowley não era satanista. Ele foi O satanista, reverenciado pela igreja satanista até hoje.
    Quer enganar quem?
    Eu adoro rock, mas estou descobrindo que infelizmente estava ouvindo música satânica, como estas bandas mencionadas no artigo.
    A pergunta que devemos fazer é: De que lado você está?
    Jesus ou o Diabo?
    Parem de se enganar, pessoal!

    • Cris Fagundes

      Será que é inocência ou a minha visão a respeito de determinado assunto é diferente da sua?? não quero enganar ninguem, só estou abordando um tema de um ponto de vista diferente do seu, sabe o respeito? está faltando muito na sociedade de hoje em dia, em pessoas como você inclusive, que acredita e pensa que a sua verdade, o seu ponto de vista é absoluto, e quer impor isso aos outros, respeito sua forma de pensar, agora respeite as forma de pensar de cada um. Segundo ponto, procure se informar sendo imparcial, sem julgamentos, terceiro, esse papo de “Jesus e Diabo” é muito simplista para o MEU ponto de vista, eu acredito no bem e no mal que cada ser carrega dentro si, eu estou posicionado ao lado daqueles que usam e seguem o bem por vontade própria, sem precisar de recompensas ou temer a algo!!!

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