Boa tarde galera, depois de uma semana ausente, devido a muita correria, estamos de volta, hoje falaremos sobre outra banda importante para o nosso todo poderoso Rock and Roll, já estava na hora de fazer uma matéria sobre eles, então vamos a eles, com vocês hoje, Rolling Stones, sem mais delongas, vamos aos trabalhos.
“If I could stick my pen in my heart
I’d spill it all over the stage
Would it satisfy ya or would is slide on by ya…
… I know, it’s only rock’n roll but I like it”
Jagger/Richards
Os Stones com seu comportamento transgressivo natural, (a atitude irreverente dos Stones, com seus frequentes escândalos, era a antítese perfeita à educação e boa aparência dos Beatles, conquistando a parcela mais rebelde do público).
Os Stones traziam consigo o rock de garagem, puro, que deixa filhos — Vernon Reid, o satânico guitarrista do ex-Living Colour, simbiose de Jimmy Hendrix e Keith Richards, Steve Ray Vaugham, o mestre do blues pulsante da Califórnia, os grunges de Seatle.
Afinal, como sempre falo, eles formam o tronco da árvore do rock inglês, ao lado de Eric Clapton. E numa árvore, cada macaco deve ocupar seu galho.
Uma das maiores banda de rock do mundo nasceu em um subúrbio de Londres, em um “trabalho de parto” que misturou coincidências felizes, momento adequado e três músicos excepcionais: Mick Jagger, Keith Richards e Brian Jones.
Michael Philip Jagger era o filho de Joseph Jagger, um professor de educação física que queria o filho atleta, mas o coração do menino sempre balançou no ritmo do blues. Keith Richards morava na rua do lado, no mesmo subúrbio de Dartford. O pai não esperava nada daquele menino franzino, mas o avô Augustus Theodore Dupree, antigo saxofonista, guitarrista e líder de banda nos anos 30, via refletida no neto sua paixão pela música e deu ao pequeno Keith um saxofone. Porém o instrumento era muito pesado, por isso o avô ficava tocando tudo que sabia para o neto atento e foi quem ensinou os primeiros acordes na guitarra Spanish Roseth que a mãe deu a Keith quando ele fez quinze anos.
No outro lado de Londres, Brian só trazia problemas para a família, Jones com sua beleza pura e inocente e uma rebeldia prematura: aos 13 anos foi enviado para um internato para que pudesse ser melhor controlado. Brian, contudo, tinha um talento nato: aos 11 anos já tocava piano, aos 12 era clarinetista na banda juvenil.
Jagger, de família mais abastada, tinha os discos que Keith só conseguia ouvir quando participava das reuniões dos teddy-boys de seu conjunto habitacional — um grupo nada convencional, tipo gangue de arruaceiros. Com eles Keith delirava ouvindo aquele negro que sempre foi seu guru, sua inspiração (Chuck Berry, é claro), repetindo na guitarra os solos rascantes de uma escala quase sempre igual mas que cada vez soava diferente. Nessa época a BBC controlava a programação das rádios na Inglaterra e ouvia-se apenas um pouco de Elvis (que estava no exército), Jerry Lewis (já pirado, o velho Killer) e Little Richards. Eddie Cockram e Buddy Holly haviam morrido. Chuck Berry estava na cadeia.
Um dia Keith entra no trem a caminho de Londres e encontra Mick a caminho da escola (ele estudava economia, acreditem!). Mick estava com dois discos — “Rockin’ at the Hops”, de Chuck Berry, e “The Best of Muddy Waters”. Depois desse dia nunca mais se largaram. Agora só interessava aos dois uma coisa: fazer música. Encontram outro guitarrista, Dick Taylor, e passam os dias ensaiando.
No Ealing Club, Alexis Korner é dono do show com seu “Blues Incorporated”, onde toca um baterista do “Blues for Five”, Charlie Watts. No dia em que os Stones dividem o palco com o Blues for Five, Charlie desiste do salário e das roupas elegantes que usava e entra na nova banda. Brian Jones um dia foi apresentado por Korner e tocou uma slide guitar como só ele sabia tocar. Mick e Keith o convidaram imediatamente e ele aceitou mais rápido ainda entrar na nova banda, levando a dupla de “bons meninos” à perdição total: convenceu os dois a sair de casa, alugaram um apartamento conjugado e foram morar juntos. Vivem de pequenos furtos nos supermercados, de vender garrafas e jornais. O baixista que entrou para completar o grupo foi apresentado por um baterista que os Stones experimentaram antes de Charlie entrar no grupo. Seu nome era Bill Wyman, outro precoce: cantava no coral da igreja e batia nas teclas do piano aos 4 anos.
Os primeiros shows foram no Bricklayer”s Arms, em 62. Depois passam a tocar no Marquee, no próprio Ealing Club e no Crawdaddy. Não têm dinheiro para comprar as roupas bonitas dos mods, não têm nenhuma afinidade com o comportamento burguês tradicional: são a irreverência e o ódio, a contestação e a briga com o sistema, sujos, malditos. As primeiras capas dos discos dos Stones mostram como procuravam parecer “feios”. Uma postura rock que mantêm na música que fazem até hoje.
Bem, tocar no club da moda não era lá grande coisa, porém ninguém queria investir naquele bando de mal encarados. Foi aí que surgiu o anjo da guarda da banda, um garotão de 19 anos chamado Andrew Loog Oldham, sem dinheiro como eles, sem mentalidade e sem meios de investir em uma imagem para o grupo. Uma paixão, contudo, o unia aquelas pedras rolantes selvagens: a adoração pelo blues e pelo rock’n roll. Sem ter o que perder, radicalizou, incentivando o grupo a ser, cada vez mais, um bando rebelde e inconformado que não gostava de cortar os cabelos nem usar roupas bonitinhas. Eles eram totalmente o contrário de grupos como os Kinks, Animals ou Beatles, que se apresentavam com terninhos e jaquetas de babados como uniforme.
Oldham também não tinha dinheiro para alugar estúdios caros, daí o som áspero e contundente que conseguiu nas primeiras gravações. O primeiro compacto dos Stones trazia uma música de Chuck Berry, é claro: “Come On”. Era o ano de 1963. Depois veio “Not Fade Away” e a excursão pelos Estados Unidos. Mas Jagger e Richards ainda burilavam aquelas que seriam as suas primeiras grandes obras primas, lançadas nos dois anos seguintes, como o sempre clássico Satisfaction. Daí pra frente produziriam o repertório que os consagrou como uma das maiores bandas de rock do mundo.
Como uma banda cruza gerações, e continua vendendo como nunca após quase meio século de existência?
A banda fundada por Mick Jagger e Keith Richards em 1962 cruzou quatro décadas de história e construiu uma marca arrasadora e que fatura centenas de milhões de dólares todos os anos. E todo esse poder e misticismo criado em torno da marca “Rolling Stones” tem seus motivos, e muitos. A banda começa sua carreira já percebendo um Gap no mercado do Rock britânico, e aproveita a Beatlemania para vender discos, muitos discos. Os Stones passaram a década de 60 fazendo exatamente o oposto do que os garotos de Liverpool faziam (criando a máxima do rock de aproveitar o mercado indo contra o mainstream). Se os Beatles tinham uma postura exemplar, os Stones adotavam uma postura transgressora (no final da década de 60 os Stones lançam a campanha: “Would you want your daughter to marry a Rolling Stone? – Você gostaria que sua filha se casasse com um Rolling Stone?), se os Beatles lançavam “Let It Be” os Stones lançavam “Let It Bleed”.
Com o fim dos Beatles, os Stones sentem necessidade de se firmarem em solo americano (poderoso mercado da música), e como naquele país se ouvia muito Rock Psicodélico (Hendrix, Joplin, Doors, etc), muito atentos às necessidades do novo mercado lançam em 67 o psicodélico álbum “Their Satanic Majestic Request” (mais uma vez em resposta aos Beatles, dessa vez Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band). Com boa aceitação no mercado dos EUA, partem para a grande jogada. Em 1969 os Stones organizam um concerto gratuito histórico para mais de 600 mil pessoas em Altamont, Califórnia. O show vende até hoje (gerou um documentário DVD chamado Gimme Shelter) e firmou definitivamente os Rolling Stones na terra do tio Sam.
Na década de 70, os Stones continuam na mesma toada para a construção de sua marca. No começo da década a banda muda para a Atlantic Records e cria seu próprio selo, o Rolling Stone Records. O álbum “Sticky Fingers” (primeira aparição da icônica marca da “boca”) tem capa desenhada pelo maior ícone da cultura pop da época, o excêntrico Andy Warhol. Com a capa polêmica de Andy e o conteúdo dos Stones, obviamente o disco vende muito!
Visionários e buscando novos mercados, na década de 70, os Stones aproveitam mais uma oportunidade e lançam “Some Girls”, álbum mais punk da banda, seguindo o movimento que estava explodindo no mundo todo com Ramones, The Clash e Sex Pistols. Anunciam ainda shows (posteriormente vetados) em países fora do eixo Europa-EUA, incluindo o Brasil.
Na década de 80, os Stones lançam o álbum mais vendido da história da banda e começam a observar o que o Kiss (a banda que mais levou a sério o conceito de marketing na música*) vinha fazendo em seus shows. Assim, a década de 80, vira a década dos mega-concertos dos Rolling Stones. E se o conceito deu certo com o Kiss, ele funcionou ainda melhor com os Stones que se firmaram como maior banda de Rock de todos os tempos e venderam como nunca.
A década de 90, é aberta pela turnê Flashpoint impulsionada pela abertura dos shows, pelos já bem conhecidos na época Guns’n’Roses (além do boato da separação da banda).
Foi também à partir dessa turnê que os Stones tornaram-se experts nos negócios, transformando-se em uma banda multimilionária, com administração autônoma e profissional, alcançando espaços na mídia até então nunca vistos, tendência que permitiu as sucessivas bem-sucedidas turnês seguintes e um exemplo de exposição e fixação da “marca” The Rolling Stones.
Da década de 90 em diante, os Rolling Stones continuaram a faturar muito, a se fortalecer como marca, a explorar mercados, e a se apoiar em tudo o que haviam construído em mais de 30 anos de música. A turnê do Voodoo Louge, faturou US$370 milhões, seguida das gigantescas Bridges to Babylon e Licks Tour (que passou por todos os continentes do planeta).
Além dos Stones e Beatles, vieram da Grã-Bretanha, The Searchers, The Animals, The Small Faces, The Who, The Kinks e outros menos famosos naquela época.
Tais grupos traziam mais atitude, mais rebeldia (a maior delas: os cabelos compridos e desalinhados), mais qualidade musical e, sobretudo, mais inovações do que o que vinha sendo feito paralelamente nos EUA. A juventude inglesa sofria de frustrações tão grandes – ou até maiores – quanto à americana, e isso foi de suma importância para que fossem desenvolvidas as particularidades que emergiriam do Rock Inglês. O estilo, naquele país, passaria por enormes e profundas reviravoltas ao longo de sua existência, tornando-se progressivamente mais visceral, mais pesado, mais distorcido, mais sujo, mais obsceno.
O poeta Allen Ginsberg viria a proclamar mais tarde: “A poesia no sentido tradicional acabou. Ninguém se senta mais na poltrona da sala de estar para ler. O Rock é a nova poesia. É um retorno à poesia dos velhos tempos”.
E o bluesman John Lee Hooker, quando o Rock Britânico invadia o mundo: “Acho que os conjuntos ingleses foram responsáveis pela volta do Blues…”.
Assim terminamos essa matéria sobre os Rolling Stones e o Rock Britânico, abaixo deixo alguns vídeos da banda.
Rolling Stones – You Can’t Always Get What You Want.
http://www.youtube.com/watch?v=w5JNeFAYMDU
Rolling Stones – Gimme Shelter.
Rolling Stones – Sympathy for the Devil.
http://www.youtube.com/watch?v=iLddJ1WceHQ
Rolling Stones – Tumbling Dice.
Rolling Stones – Start me up.
Tenham todos uma ótima tarde e até a próxima.