Boa tarde galera, dando seguimento aos nossos textos focados no Black Metal, chegamos a parte 4 e final do mesmo, hoje abordaremos como em meados dos anos 90 o Black Metal havia recriado a mesma lógica cultural que levou ao Nacional-Socialismo 80 anos antes, a “terceira onda” do Black Metal, e o panorama atual, sem mais delongas vamos aos trabalhos.
A emergência de Black Metal explicitamente nacional-socialista não deveria surpreender, pois a corrente Völkisch original foi a incubadora das tendências da Revolução Conservadora, incluindo o Nacional-Socialismo, e por volta de meados dos anos 90 o Black Metal havia recriado a mesma lógica cultural que levou ao Nacional-Socialismo 80 anos antes. Mas a prontidão com a qual o Black Metal veio a abraçar uma perspectiva e sensibilidade tão amplamente estigmatizada após a vitória aliada em 1945.
A resposta está na natureza da gênese do Heavy Metal após o colapso da subcultura musical popular da década de 60. Deena Weinstein identifica duas correntes dentro dessa gênese, uma idealista, e uma conservadora, que fundiram-se na incepção do Heavy Metal.
A cultura Heavy Metal foi definida por suas raízes proletárias, e a cultura proletária é por natureza conservadora, com papéis masculinos e femininos bem definidos, uma prontidão para expressar emoções fortes, e uma desconfiança do governo e das corporações. É uma cultura que está decididamente em descompasso com o liberalismo dominante. Não surpreendentemente, então, o Heavy Metal tendeu a resistir a mudanças radicais em sua forma, celebrava a masculinidade heróica, e estava fundado em um ethos de integridade e autenticidade que deplorava sua própria comercialização. De fato, “para fãs, talvez a pior coisa que pode ser dita sobre uma banda de heavy metal é que ela ‘virou comercial'”. Não obstante, o Heavy Metal ganhou muitos fãs da classe média baixa, e derivados subsequentes seguiram esse padrão. A classe média baixa é o mesmo corpo demográfico que Mosse identificou como formulando as críticas Völkisch da modernidade um século atrás, e de fato as características centrais da cultura Heavy Metal são altamente compatíveis com aquelas críticas.
Mesmo em suas formas mais cruas, o Black Metal tende a apelar a uma sensibilidade mais elitista e culturalmente sofisticada do que seu gênero paterno, mas ele não mudou radicamente a perspectiva anti-moderna, anti-liberal, anti-comercial, e anti-cosmopolita que herdou do Heavy Metal. Ele apenas o tornou mais sério: aprofundou-o ideologicamente, elaborou-o artisticamente, e radicaluzou-o metapoliticamente. Desde o início os black metallers foram párias orgulhosos no mundo moderno, e, como tais, foram receptivos a ideológias anti-sistema que fossem compatíveis com a própria constituição do Black Metal.
Em suma, uma boa porção das características intelectuais e estéticas do Black Metal são Völkisch. Crowley, Satanismo, e Tolkien também fervem no caldeirão do Black Metal, com certeza, mas esses também foram apropriados na medida em que sejam consistentes com a visão-de-mundo Völkisch. Portanto, pode-se plausivelmente caracterizar o Black Metal como um renascimento da Revolução Conservadora, profundamente transformando no contexto de uma subcultura musical moderna, mas reconhecível não obstante.
Final dos anos 90 até hoje (terceira onda do black metal).
Durante os últimos anos da década de 90, o black metal ganhou maior notoriedade na mídia através de bandas como Dimmu Borgir (Suécia), Cradle of Filth (Inglaterra) e Death Spell Omega (França) que possuíam uma sonoridade menos ríspida para os padrões vigentes do black metal.
As duas primeiras optaram por arranjos simfonicos, adaptaram liricas mais compostas, e vocais mais polivalentes, estas bandas logo começaram a ser rotuladas como bandas de black metal melódico ou symphonic black metal, pelo uso intensivo de teclados e elementos de música clássica em suas músicas e começaram a tocar em grandes festivais europeus.
Por outro lado Death Spell Omega optou por um caminho oposto, influenciado pela filosofia, psicologia, e religião, tornaram suas liricas em verdadeiros textos de carater filosofico que, não atacava a religião em si, mas recorreu a imagem de Deus e do Diabo como características do ser humano. Vale também salientar que as bandas norueguesas de black metal que tocavam um som mais cru e agressivo também ganharam mais atenção da mídia, não mais por assassinatos e queima de igrejas, mas sim por sua música.
Os EUA têm uma pequena quantidade de bandas de black metal. O movimento americano de black metal é por vezes chamado de USBM. Esse movimento ainda não ganhou uma forma muito clara, mas os grupos mais conhecidos são Absu, Judas Iscariot e Averse Sefira todos com fortes influências do estilo death metal. Estas bandas fazem parte da chamada terceira onda de black metal, que contempla o black metal contemporâneo, incluíndo bandas ao redor de todo mundo. Além das citadas anteriormente outras bandas dignas de nota são: Ildjarn e Mutiilation.
Mais sub-generos começaram a nascer. Os Franceses começaram a investir imenso neste género musical, onde nasceu o Avant-Garde Black, com bandas como Blut Aus Nord, Akroma, e agora os projectos mais recentes do músico Niege, Alcest e Peste Noire.
No EUA, bandas como ABSU e Agaloch adaptaram características do folclore, e investiram na variedade de ritmos e trabalho nas Guitarras. Os Nile abraçaram o folclore Egipcio e abraçaram um estilo de Blackened Death Metal com fortes caracteristicas tecnicas, e letras fieis a historia Egípcia.
Os portugueses Moonspel e Corpus Criisti começaram a explorar outras vertentes, nomeadamente o Gótico e o Death Metal.
Países como a India, China, Japão e Israel começaram a ficar notórios por estarem a servir como berço de uma nova cena de Black Metal experimental, onde influencias locais são fortemente exploradas.
Portanto assim encerramos o tema Black Metal, espero que todos tenham gostado das matérias, e que as mesmas possam ter lhes ajudado a compreender um pouco mais esse gênero do Metal tão complexo, mas ao mesmo tempo tão rico em conteúdo, história e curiosidades, que fique claro que os textos foram feitos para explorar o Black Metal e passar a vocês informação sem expôr opinião a favor ou contra o mesmo.
Encerramos a matéria com vídeos de algumas bandas citadas da “terceira onda” do Black Metal, e atuais.
Cradle of Filth – Cruelty Brought Thee Orchids (live).
Dimmu Borgir – The Sacrilegious Scorn.
Deathspell Omega – The Victory of Impurity.
Dawn of Ashes – Conjuration of the Maskim’s Black Blood.
Satyricon – King.
Carpathian Forest – Sadomasochistic.
Uma ótima tarde a todos e até a próxima.
Parabéns pelo texto. Simplesmente incrível. E me deixou com a certeza de que esse pessoal do Black metal é racista, separatista, preconceituoso. E não tem inteligência para viverem suas vidas em paz, tem que propagar suas ideologias de forma violenta. (não estou falando da agressividade das músicas) pois sou fã de música pesada. Inclusive de venon (que por vezes negam serem os pais do gênero musical Black metal) motorhead, Black Sabbath. Essas bandas pré – surgimento do Black metal tinham encontrado uma forma saudável de se expressar. Pena que os radicais (no mau sentido da palavra) do Black metal surgiram. E fazem com que as peso tenham preconceito do som pesado.
Muito bom só teve um erro o Dimmu Borgir é norueguês.