Boa tarde galera, como bem havia dito na ultima postagem, hoje daremos segmento a analise ao Black Metal, esse subgênero do Metal tão extremo, mas ao mesmo tempo tão rico em conteúdos a serem abordados. No ultimo texto não entramos na história do Black Metal, focamos na história da humanidade, mais especificamente na parte, que influência e caminha lado a lado com o Black Metal, ao menos na sua origem e maturação.
Hoje falaremos sobre o que é o Black Metal em si, suas origens, ideologias, movimentos e tudo mais, que com base no último texto lhes ajudará a entender o porque de determinadas situações que serão abordadas a seguir, sem mais delongas, vamos ao que interessa, Black Metal.
O que é Black Metal? O Black Metal é um fruto radical do Heavy Metal. Durante adécada de 80 bandas tocando formas comercializadas de Heavy Metal penetraram na cultura dominante, conseguindo posições confortáveis nas tabelas musicais e vendendo milhões de álbuns. Isso incitou elementos “fundamentalistas” dentro da cena Heavy Metal a reclamar o estilo como uma praxis underground desenvolvendo variantes extremas da sonoridade Heavy Metal, percebidas como estando mais conectadas com os valores originais anti-comerciais e contraculturais do gênero. O Black Metal foi uma dessas variantes. É considerado “Black” Metal porque ele originalmente definiu-se em termos de temas e estéticas satânicas e ocultistas.
O Black Metal não soa como o Heavy Metal. Ambas formas musicais apoiam-se nos mesmos componentes sonoros básicos (guitarra, baixo, bateria, e vocais); ambos são caracterizados por intensidade sonora, performances vocais extremas, e pelo uso de guiterras distorcidas e bastante amplificadas. Músicos do Heavy Metal, porém, tendem a favorecer estruturas musicais previsíveis (verso, refrão, verso, refrão, solo, verso,refrão), bem como vocais cantados/gritados melódicos. Ademais, guitarristas no Heavy Metal, apesar de muitas vezes incorporarem influências da música clássica em seu estilo, tocam de modo que ainda evidencia as raízes do Heavy Metal no Rhythm and Blues. As letras no Heavy Metal tendem a lidar com questões relativamente associadas com a juventude: amor, amadurecimento, sexo, rebelião, diversão, beber, etc.
O Black Metal, por outro lado, é muito mais sombrio e extremo, favorecendo uma guitarra com uma sonoridade muito mais crua, barulhenta, e áspera; estruturas musicais imprevisíveis; melodias de influência clássica que sugerem lugubridade, misticismo, pesar, e ódio misantrópico; e urros inumanos, demoníacos como vocais, ininteligíveis e extremamente reverberados. Ademais, as letras do Black Metal tendem a ser sérias e arcanas, lidando com ocultismo, mitologia pré-cristã, orgulho pagão, guerra,misantropia, genocídio, e ódio ao cristianismo.
O Black Metal também difere significativamente do Heavy Metal esteticamente. O Black Metal favorece o negro acima de qualquer cor. Logos de bandas de Black Metal tendem a ser tortuosos e elaborados, sempre ilegíveis, e cercados com símbolos ocultistas e/ou pagãos, como runas, suásticas, cruzes invertidas, pentagramas, emjölnirs. Letras góticas tortuosas são quase sempre onipresentes. Os músicos usam nomes de palco esotéricos ou mitológicos e distorcem suas faces com pintura facial cadavérica em preto e branco (Corpse Paint). Eles aparecem em seus álbuns em ambientes noturnos,florestais, medievais ou invernais, trajados em couro negro e envoltos em cartucheiras. Não é incomum que as bandas mais extremas e misantrópicas pratiquem auto-mutilação (usualmente com facas de caça, nos braços e torso) e se fotografem cobertos de sangue depois de realizar tais atos. O objetivo é sempre criar imagens capazes de inspirar medo e horror entre observadores da cultura dominante – ainda que isso seja meramente “pregar para o coral”, claro, um esforço de se distinguirem o mais radicalmente possível da desprezada cultura dominante, pois de qualquer outro modo o Black Metal é quase invisível fora de seu milieu subcultural.
Origens do Black Metal.
Durante a década de 1980, algumas bandas thrash metal formaram um protótipo de black metal ,que teria ainda uma sonoridade influenciada pelo Thrash Metal, e incorporaria mais adiante técnicas como o tremolo picking, e também o blast beat. A assim chamada “first wave” incluiu bandas como Venom, Bathory, Hellhammer, Celtic Frost e Sarcófago.
As primeiras bandas de Black Metal foram Bathory, da Suécia, e Venom, da Inglaterra. O Venom tem o crédito de inventar o termo “Black Metal”, que primeiro apareceu como título de seu álbum de 1982. O Bathory, porém, provou ser muito mais influente. Ainda que as primeiras obras do Bathory estejam dominadas por temas e estética satânicas, essas foram gradualmente substituídas pela infusão de elementos da música clássica (particularmente do período romântico) e por uma crescente fascinação com a mitologia e história escandinavas pré-cristãs. Albuns como Blood Fire Death (1989), Hammerheart (1991), e Twilight of the Gods (1992) eventualmente inspiraram o desenvolvimento de todo um novo gênero, agora conhecido como Viking Metal.
Similarmente influente foi o trio suíço, Hellhammer, e sua subsequente incarnação, Celtic Frost. O Hellhammer foi um protótipo de derivados do Heavy Metal dos anos 80 como o Thrash Metal, Death Metal, e Black Metal, mas não pode ser categorizado como qualquer um deles. Através de suas letras esotéricas e bastante poéticas e composições musicais cada vez mais elaboradas (chegando ao ápice em 1987 com “Into the Pandemonium”), o Hellhammer/Celtic Frost foi pioneiro em transformar o Heavy Metal em uma forma de arte popular sofisticada.
Em uma época em que o Heavy Metal parecia basicamente procupado com excessos mundanos e hedonistas (cerveja, mulheres, festas), os álbuns do Celtic Frost lidavam com deuses e civilizações antigas, e os do Bathory com Asatru, vikings, e SegundaGuerra Mundial. A banda de Thrash Metal britânica, Skyclad, também foi significativa, instigando o desenvolvimento do Folk Metal, um gênero que incorpora música folclórica tradicional em uma moldura Black Metal, e cujos músicos possuem ligações com as cenas de Black Metal e Viking Metal.
O Black Metal moderno há muito deixou de ser caracterizado puramente pelo satanismo. De fato, desde o final da década de 80, alguns músicos do Black Metal recusaram-se conscientemente a serem definidos por uma tradição monoteísta estrangeira (ou seja, não-europeia). Não há Satã, porém, sem Cristianismo. Definindo-se contrário ao Cristianismo, o Satanismo meramente inverte valores cristãos ao invés de rejeitá-los desde o início e abraçar uma visão-de-mundo autenticamente europeia.
Muitos músicos do Black Metal, como resultado, reconheceram então a superficialidade e futilidade de continuar a “guerra contra o (Judaico-) Cristianismo“ que era central à cena Black Metal durante o início da década de 90. Ademais, e ao menos parcialmente como consequência, o Black Metal desde muito fragumentou-se em uma variedade de subgêneros veementemente pagãos, tais como os já mencionados Viking Metal e Folk Metal, e – o mais radical de todos – o National Socialist Black Metal (NSBM).
A seguir vamos a uma breve explanação do pensamento völkisch, pois será fundamental saber o básico do mesmo, para continuarmos falando sobre o Black Metal, o cenário e rumo que tem tomado nos dias de hoje:
O pensamento völkisch é caracterizado por um foco romântico no “orgânico”; folclore germânico, história local, sangue e solo, e misticismo natural. O termo deriva da palavra alemã Volk, que corresponde a “povo”, mas com as conotações adicionais de folclore,raça, e nação. Entre os românticos alemães, Volk significava a união de um grupo de pessoas com uma essência transcendental, a fusão do homem com a natureza (particularmente sua paisagem nativa, seguindo Wilhelm Riehl), com o mito, ou com ocosmo, onde o homem encontra “a fonte de sua criatividade, sua profundidade desentimento, sua individualidade, e sua unidade com outros membros do Volk”. Um conceito relacionado é “Volkstum”, um termo que combina as noções de folclore e etnicidade.
Bem por hoje é só galera, no próximo texto daremos continuidade na história do Black Metal, suas características, influências, bem como, entraremos afundo na “second wave” do Black Metal (ínicio dos anos 90), com bastante força na Noruega, e o Black Metal e o retorno do pensamento Völkisch.
Para encerrarmos essa matéria deixarei vídeos de bandas da “First Wave” do Black Metal:
Venom – Countess Bathory.
Bathory – enter the eternal fire.
Hellhammer – Messiah.
Celtic Frost – Procreation (of the Wicked).
Sarcófago – The Black Vomit.
Tenham todos uma ótima tarde e até a próxima.