Boa tarde galera, dando seguimento aos nossos textos, falando especialmente sobre o Black Metal, entrando afundo no mesmo, hoje daremos continuidade, focando na “second wave” (segunda onda) do Black Metal, o cenário Norueguês do Black Metal (que merece destaque), e também a volta do Pensamento Völkisch (foi explicado no texto parte 2 sobre o Black Metal) através do Black Metal, muito presente no cenário atual, sem mais delongas vamos aos trabalhos.
Apesar de hoje em dia as bandas da “primeira onda de black metal”, serem consideradas black metal, em meados dos anos 80 elas não eram consideradas como tal, em sua maioria eram bandas de speed metal e thrash metal que estavam forjando as bases do que viria a ser o black metal moderno que passou a existir de forma mais sólida a partir da “second wave” do black metal.
Início dos anos 90 (second wave do black metal):
O estilo teve um grande crescimento no início dos anos 90 com a chamada “segunda onda de black metal” através de bandas da Noruega como Burzum, Darkthrone, Emperor, Enslaved, Immortal e Mayhem, que contribuíram para tornar o black metal moderno conhecido por todo o mundo. Estas bandas mesclavam elementos de heavy metal, hardcore e música clássica e suas letras falavam de temas pagãos, satânicos, anti-cristãos e ocultos em geral. Além do aspecto musical as bandas retomaram o uso das pinturas faciais. As pinturas faciais ligadas ao black metal passaram a ser chamadas de “pinturas de guerra (warpaint)” ou mais comumente “corpsepaint“.
Foram essas as bandas citadas acima que moldaram o black metal como ele é hoje, inclusive nos quesitos como a temática abordada pelo gênero.
Na época de 1991 a 1994 ocorreram na Noruega fatos polêmicos ligados ao estilo black metal como queima de igrejas, assassinatos e violações de túmulos, que indiretamente contribuíram para a divulgação do gênero pelo mundo. O Black Metal é uma vertente que sempre foi depreciada pela mídia, devido a ações controversas e radicais dos membros das bandas, como os citados acima.
Agora há uma peça interessante dentro da história do black metal: o guitarrista do Mayhem, Euronymous, foi assassinado com 23 facadas por um amigo: Varg Vikernes. O motivo do assassinato foi um desentendimento entre os dois sobre os lucros da venda das gravações do Burzum, banda de Varg, lançada pela gravadora de Euronymous. Segundo Varg, Euronymous teria planejado torturá-lo e gravar um vídeo do momento, e agiu portanto apenas em defesa. De qualquer forma, em maio de 94 Varg foi sentenciado a 21 anos de cadeia, mas foi liberado em 2009.
Euronymous (cujo nome verdadeiro era Øystein Aarseth) foi uma das mais importantes e influentes figuras da original cena Black Metal da Noruega, o guitarrista da banda Mayhem de muitas maneiras foi o precursor da cena do black metal na Noruega. A cena era profundamente anti-cristã, e procurou remover o cristianismo e outras religiões não escandinavas da cultura norueguesa, bem como tudo o mais que afetasse as raízes da Noruega.
Isso conduziu à mobilização de algumas pessoas com idéias afins para a inclusão na cena black metal do país. A maior parte deste movimento foi dirigida pelo Inner Circle, um grupo formado por Euronymous e alguns outros amigos próximos, cuja sede ficava no sótão da loja de discos de Euronymous, chamada de Helvete (Inferno). Essa loja também servia de estúdio de gravações, ali foram gravados os discos do Mayhem e de outras bandas de black metal que assinaram com o selo de Euronymous, chamado Deathlike Silence Productions. Ele só assinava contratos com bandas que segundo suas próprias palavras: “encarnavam o mal em seu estado mais puro”.
Durante esse tempo na Noruega diversas igrejas foram queimadas, e o círculo de Euronymous foi acusado desses atos. Negaram, contudo terem queimado as igrejas, reclamando que o seu objetivo era inspirar seus seguidores a perpetuar o orgulho escandinavo e não deixar que suas origens fossem esquecidas.
Outro fato importante e marcante no cenário Black Metal Norueguês que vale a pena lembrar é o vocalista da banda Mayhem, Per Yngve Ohlin, que adotava o pseudônimo “Dead”, que cometeu suícidio em Abril de 1991 com um tiro de espingarda na cabeça, depois de ter cortado os pulsos e garganta, (pessoa estranha e introvertida,uma personalidade muito depressiva, melancólica e sombria segundo amigos, antes dos shows ele enterrava as roupas para que elas ficassem sujas e com mal cheiro,ele se sentia um cadáver e mais, Dead tinha um saco no qual se encontrava um Corvo morto e podre, frequentemente Dead inalava tal “perfume”), em 1991 cometeu suicídio e com seu humor negro deixou um bilhete escrito com a seguinte mensagem “Desculpe todo o sangue”. Seu corpo foi descoberto por Euronymous, que em vez de chamar a polícia, foi correndo para a loja mais próxima comprar uma câmera e tirou fotografias do cadáver. Uma dessas fotografias serviu de capa para o álbum “Dawn of the black hearts”, do Mayhem. Boatos dizem que Euronymous fez colares dos fragmentos do crânio de Ohlin e que ingeriu pedaços de seu cérebro, não irei postar aqui, mas se lhe interessar, você encontra facilmente na internet fotos sobre isso.
A temática das letras do black metal concentra-se basicamente em doutrinas anti-cristãs ou contrárias ao “Caminho da Mão Direita”, ou seja, aquelas doutrinas que valorizam um código ético específico e a convenção social. É por esse motivo que grande parte das bandas estão envolvidas de alguma forma com o satanismo e paganismo nos países de forte tradições pagãs (Alemanha, Noruega, etc). E é pela cristianização desses países que algumas bandas se atém a atitudes mais radicais em relação ao cristianismo. Outros ideais do gênero são o individualismo e o nacionalismo, que aproximam essa vertente das políticas de extrema-direita, como o nazismo (onde entra o pensamento Völkisch).
Black Metal e o Retorno do Pensamento Völkisch.
Como as idéias Völkisch ressurgiram na cultura popular? Já por volta dos anos 60 o Cristianismo havia entrado em uma fase de decadência no Ocidente, após um longo período de crescente ceticismo bem como hostilidade de ideologias políticas tanto da Direita como da Esquerda. Como tem sido o padrão no Ocidente desde o quarto século,o decínio da religião dominante coincidiu com um interesse renovado em espiritualidades alternativas, religiões exóticas, e em ocultismo.
Muito desse interesse encontrou expressão na cultura popular moderna, especialmente na música popular moderna. Talvez o exemplo mais notável dessa confluência seja a música dos pioneiros Led Zeppelin, cujas letras misturam Aleister Crowley, J.R.R. Tolkien, e folclore pagão nórdico e anglo-saxão. Artistas como Black Sabbath, Black Widow, e Coven também incorporaram temas ocultistas e seguiram influenciando ondas subsequentes de artistas mais explicitamente satânicos, como King Diamond e Mercyful Fate.
Influenciados pelo Black Sabbath, pelo Motörhead, e pelo punk rock, o Bathory emergiu nesse milieu. Nós já vimos como os temas satânicos dos primeiros albuns do Bathory foram substituídos por temas nórdicos e pagãos. Thomas Forsberg do Bathory articulou a opinião de que o Cristianismo era uma religião estrangeira, uma forma de conquista espiritual judaica que buscava esmagar e erradicar o paganismo europeu indígena. Durante a década de 90, essa opinião tornou-se extremamente influente na subcultura Black Metal, especialmente na Escandinávia.
Perspectivas anti-cristãs dentro da cena Black Metal usualmente encaixam-se em duas categorias: nietzscheanas (muitas vezes mediada pelo “satanismo” de Anton LaVey) e neo-pagãs. Os nietzscheanos denigrem o Cristianismo como uma religião igualitária da fraqueza, humildade, penitência, confissão, e auto-negação. Os neo-pagãos geralmente concorda com os nietzscheanos, mas enfatizam o caráter estrangeiro e a influência dissolvente do Cristianismo comparado com a herança europeia pagã mais autêntica.
Essa perspectiva é explicitamente Völkisch, evocando a unidade de sangue e solo, de raça e nação, e de espiritualidade e Volk. A cena Black Metal também tende a ser antissemita pelas mesmas razões Völkisch que eles são anti-cristãos.
No mundo do Black Metal, a espiritualidade genuína e a profundidade de expressão artística remetem ao mergulho corajoso na escuridão da alma humana. Daí as canções sombrias repletas de ódio, medo, melancolia, miséria, e depressão. Black Metal – “true” Black Metal – busca colocar a maior distância possível entre si e a sociedade de massa do capitalismo, que ele percebe como sem sentido, banal, materialista, acéfala,conformista, não criativa, e hipócrita.
A subcultura Black Metal glorifica a guerra e o espírito marcial. Cenas de batalha são comuns em capas de álbum de Black Metal, e músicos normalmente fotografam a si mesmos portando machados ou espadas e usando cartucheiras, pulseiras com espetos, e,ocasionalmente, cotas de malha. Similarmente, as letras celebram guerra e conflito, geralmente heróicos, sempre sangrentos. Esse militarismo normalmente está envolto em misticismo.
Artistas do Black Metal também enfatizam a natureza e as paisagens naturais, mas uma sensibilidade mórbida e mística é evidente mesmo aqui. Seja por inspiração do pensamento Völkisch ou do mero ocultismo satânico, a natureza é sempre concebida em termos espirituais, místicos, e românticos. A estética do Black Metal dita que a noite e o inverno são eternos. Florestas coníferas são preferíveis aos campos trabalhados e aos pomares cuidados. Onde a glorificação da guerra funde-se com o misticismo natural, a ênfase reside nesta.
A sensibilidade Black Metal não rejeita a cultura em favor da natureza, mas ao invés valoriza cultura e natureza, ambas concebidas organicamente, acima da civilização, que é concebida em termos mecanicistas e materialistas. No universo do Black Metal, cidades nunca foram construídas, a Revolução Industrial nunca ocorreu, e a modernidade nunca chegou. Apesar de toda sua beligerância, o Black Metal é inerentemente nostálgico, uma negação compreensiva da modernidade.
Essa negação é aparente mesmo na sonoridade do Black Metal, que obviamente seria impossível sem a sociedade tecno-industrial que o Black Metal rejeita. Assim a fonte tecnológica do Black Metal – que o conecta à modernidade – é oculta na mesma medida em que ela é exaltada na música techno: bandas de Black Metal “cru” preferem uma sonoridade extremamente pouco produzida, “necro”, que deliberadamente evita a mídia de alta-fidelidade ou busca emular mídias de baixa-fidelidade – em contraste a outros gêneros que preferem uma sonoridade primitiva, o efeito desejado não é “crédito de rua” (como no punk rock) mas um senso de obscuridade quase oculta; bandas mais sofisticadas a nível instrumental usam camadas de sintetizadores para gerar uma atmosfera mística volatilizada que obscurece o ato da performance, enquanto bandas com uma orientação veementemente pagã (como o Nokturnal Mortum), acrescentam instrumentos folclóricos tradicionais a sua mistura para evocar uma sensação terrena de Volkstum.
O efeito desejado é sempre de que o ouvinte perca-se no som, que entre em um quase-transe, erguido acima do tédio da mundaneidade; o músico do Black Metal aspira à hipnose e, no caso do Black Metal especificamente pagão, ele busca criar a união espiritual – com a terra, com o inconsciente coletivo, com a alma pagã perdida, com o espirito heróico perdido do passado distante – que era buscada pelos autores Völkisch a cem anos.
A rejeição da modernidade está associada com a rejeição do progressivismo. Como os pensadores Völkisch, black metallers, sejam pagãos, satanistas, ou meramente suicidas, são pessimistas culturais. Seu pessimismo está geralmente aliado com a adoção explícita da visão indo-européia cíclica tradicional da história, na qual a história começacom uma Era de Ouro e então decai por eras de Prata e Bronze até a atual Era do Ferro ou Era das Trevas (Kali Yuga), que está fadada a perecer por suas próprias corrupções ou através de uma batalha final cataclísmica, por meio da qual uma nova Era de Ouro nascerá.
A emergência de Black Metal explicitamente nacional-socialista não deveria surpreender, pois a corrente Völkisch original foi a incubadora das tendências da Revolução Conservadora, incluindo o Nacional-Socialismo, e por volta de meados dos anos 90 o Black Metal havia recriado a mesma lógica cultural que levou ao Nacional-Socialismo 80 anos antes. Mas a prontidão com a qual o Black Metal veio a abraçar uma perspectiva e sensibilidade tão amplamente estigmatizada após a vitória aliada em 1945 precisa ser explicada.
E isso meus amigos é assunto para o nosso próximo texto, onde também abordaremos a “terceira onda” Black Metal e o panorama atual do mesmo. Termino essa matéria com alguns vídeos das bandas da “segunda onda” do Black Metal que foram citadas hoje:
Mayhem – Freezing Moon – (Live Wacken 04).
Immortal – All Shall Fall.
Emperor – Inno A Satana.
Burzum – Key To The Gate.
Darkthrone – In The Shadow Of The Horns.
Uma ótima tarde a todos e até a próxima.
Puts só sei que Mayhem hoje em dia ta um verdadeiro lixo deste de 1996 credo Bh tem bandas melhores
varg e euronymous discutiram por motivos ideologicos , nao teve nada a ver com o capitalismo e lucros
também ocorreu esse desentendimento.
Adorei, foi bem eclarecedor! Gosto muito de black metal, gosto mais dos sinfonicos como Dimmu Borgir! Mas gosto tb de Immortal e outras, as mais barulhentas nao gosto muito!kkkkkkkkkkkkk. Mas adorei a materia! Parabens!
Muito obrigado Sandro, fico feliz que tu curtiu irmão, hahaha tem para todos os gostos, isso é rock, isso é metal, … abração cara, fica a vontade volte sempre!!!
parabéns pela matéria além de muito inteligente é também bastante corajosa, uma vez que conheço bem vários amantes desta vertente aqui em RioMafra e assim sendo poderiam vir diversas críticas em relação á qualquer publicação sobre esse estilo.deixo como dica vc incluir matérias com alguns colecionadores de material referente ao estilo, dentre eles o Smurf que tem uma coleção fantástica de demos, vinis e cds e outros materiais que é de fazer inveja á qualquer fã clube além de acompanhar a cena brasileira de perto nas duas últimas duas décadas… Obrigada e mais uma vez parabéns
Muito Obrigado Ninna, fico feliz que tenha gostado, como eu sempre costumo frisar esse espaço é para o rock e todas as suas mais variadas vertentes, abordando os assuntos sempre com respeito as características e peculiaridades de cada um deles, e pode deixar que irei futuramente fazer algo englobando sua sugestão … mais uma vez muito obrigado, forte abraço!
Cara de maneira nenhuma quero ofender sua materia mas cara vc tem que da uma estudada no assunto o “corps pint” nasceu com o Sarcofago de minas que lançou o INRI que originol o termo “metal extremo”
Ate os noruegueses sabem disso um desse vc endeusa
Burzum,Mayhen,Darktrhone, e acha que o sarcoSARCO FAGO esta atras dessas
Bandas e ignorancia.