Playlist Rocknauta: Um pouco de tudo que existe no Rock.

Publicado por Cris Fagundes - 20/09/2012 - 20h25

Ola galera, hoje tive uma ideia, sempre que possível montar um Playlist com rock dos mais variados estilos para se ouvir, ressaltando que não é uma lista com as melhores, as mais difíceis, mais famosas, clássicas,  enfim, nada de ranking, apenas uma lista que irei fazer e sugerir para vocês ouvirem (se quiserem óbivo).

Na receita do bolo tentei colocar uma colher de bom gosto, meia xícara de educação musical, 10 gramas de bom senso, misturar as mais variadas vertentes e um litro de rock. Sim, é uma lista que trata de músicas do rock. Mas não se engane, muitas músicas dessa lista podem apareçer em qualquer lista de melhores músicas do século dentre todos os estilos. Apenas para reforçar a cuca dos desavisados: A lista não tem uma ordem, ou melhor, está em ordem alfabética decrescente. A melhor música não é a primeira ou a última do post. A melhor música é TODAS desse post. Como diria eu mesmo: “Não precisa concordar com essa lista. É apenas a minha lista. Se 10 pessoas fizerem a sua, serão 10 listas diferentes. No final, o que deve prevalecer é o BOM SENSO.” Sem mais delongas vamos aos trabalhos.

White Rabbit – Jefferson Airplane.

Jefferson Airplane.

O que aconteceria se um músico se chapasse de LSD em plena época de paz & amor e resolvesse pegar um lápis pra escrever umas frases ? Fácil. Ele ou ela escreveria a letra de White Rabbit.

Cavaleiros brancos, rainhas vemelhas, ratos falantes e lagartas fumantes. Isso faz algum sentido pra você ? Se fizer, você com certeza está numa viagem, assim como estava a vocalista do Jefferson AirplaneGrace Slick, quando escreveu esta música. Com referências ao livro mais chapado da história, Alice no País das Maravilhas, a vocalista além de viajar bastante na maionese quis propor uma resposta aos pais da geração paz & amor que não sabiam porque seus “babys” cresciam e viviam chapados de LSD e outras coisas. Palavras dela: “a canção é um tapa na cara aos pais que lêem histórias infantis tais quais a de Alice (em que ela usa diversas substâncias alucinógenas para mudar a si mesma), e depois se perguntam porque seus filhos começam a se drogar.”

Bom, com certeza os pais da Grace Slick só tinham este livro na estante para ler para a pequena e futura vocalista do Jefferson Airplane.

Viagens a parte, a música entrou para história como a música mais psicodélica de todos os tempos para muitos, com direito ao Rock and Roll Hall of Fame a eleger como uma das 500 melhores músicas de rock da história. Essa vale a pena escutar e viajar (no bom sentido é claro) !!

Clipe trilha sonora do filme Platoon, ao som de Jefferson Airplane – White Rabbit.

Wheels of Confusion/The Straightener  – Black Sabbath.

Black Sabbath.

Não poderia deixar fora desse primeiro playlist a banda que inciou e firmou o Heavy Metal clássico, Black Sabbath. Entre os discos que ouvi do Black Sabbath (todos) é difícil escolher o melhor deles, mas decidi que para uma resenha Vol 4 é perfeito. É um disco essencial para qualquer headbanger, é ótimo para apresentar o Black Sabbath e é um disco onde a banda faz uma experimental perfeita, a banda soma um heavy metal único, porém clássico, com um rock progressivo bastante original e técnico. Indo para um parte mais teórica, o nome do disco era para ser “Snowblind”, uma referencia ao uso de cocaína, porém a gravadora impediu e assim veio o nome bastante “original” Vol.4.

Para esse Playlist escolhi a música que abre o disco com psicodelia a mil, “Wheels of Confusion/The Straightene”, é sem dúvidas uma das melhores músicas de todo o disco e uma ótima aposta para inicia-lo. O disco faz uma grande aposta progressiva e vícia o ouvinte para o disco que está por vir. Mesmo com um progressivo nunca visto antes no Black Sabbath ele não diminui a potencia de Iommi e seus riffs. Das letras nem se fala, uma das melhores composições do Sabbath nessa época, a música fala sobre mentiras, verdades, ilusões, amor e tudo mais.

Black Sabbath – Wheels of Confusion/The Straightener.

http://www.youtube.com/watch?v=3YfIOqUoABc

The River – Bruce Springsteen.

Bruce Springsteen.

Não poderia faltar uma música de alguém que toda a América chama de “The Boss (O Chefe)“. Não é por menos, além de 15 Grammys, 4 American Music Awards e mais de 120 milhões de discos vendidos pelo mundo, Bruce Springsteen já ganhou até um Oscar. Foi pela música Streets of Philadelfia.

Bruce Springsteen fez muito sucesso nos anos 80, porém foi nos anos 70 que ele nos prestigiou com suas genialidades, como o álbum Born To Run, sucesso estrondoso que fez o Rock and Roll Hall of Fame colocá-lo como o 15ª melhor álbum da história do rock. Em 1980 é lançado o álbum The River onde destaca-se a música-título do álbum com claras inspirações no hit de 1950 “Long Gone Lonesome Blues”  do ícone máximo do Country, Hank Williams. A música tem um ar de sofrimento, mostrando como as dificuldades econômicas dos trabalhadores estão ligadas com os interesses das grandes autoridades. Como disse o renomado crítico de música Robert Hilburn: “The River é um esquema clássico de alguém que tem que reajustar seus sonhos rapidamente, enfrentar a vida como ela é, e não viver no seu mundo de imaginação.”

A voz de Bruce (uma das 10 melhores do rock sem sombra de dúvidas), sua interpretação e os riffs de gaita fazem valer cada segundo da música. Aqui vai uma dica: como disse certa vez um crítico, “Pegue sua garota, compre uma caixa de cervejas, pare em algum lugar e coloque Born To Run ou The River para tocar “.

Bruce Springsteen cantando ao vivo The River (performance extraordinária diga-se de passagem).

Smells Like Teen Spirit – Nirvana.

Nirvana.

 Disse certa vez um crítico de música: “O Nirvana foi o último suspiro do rock“. Em uma época em que as paradas eram dominadas por popstars de músicas superficiais e grudentas e shows superproduzidos , três muleques vestindo calças jeans surradas e camisetas velhas tomaram de assalto o mundo da música. O sucesso do Nirvana mostrou ao showbizz o que acontece em garagens ao redor do mundo e carimbou definitivamente o nome grunge em qualquer enciclopédia que fale sobre o rock.  Smells like teen spirit,  primeira faixa do álbum Nevermind do Nirvana é clássicaEm uma era de músicas superproduzidas, o Nirvana mostrou ao mundo o que velhos roqueiros fazem e muito bem: power chords. Acordes simples tocados com feeling acompanhados por uma bateria que parecia ter vida, fizeram de Smells Like Teen Spirit uma das maiores músicas da história do rock. Não é a toa que a revista Rolling Stone e a MTV a colocaram como a terceira maior música pop de todos os tempos (Pop??).

Nirvana – Smells Like Teen Spirit.

Shadowplay – Joy Division.

Joy Division.

 Angústia, dor, sofrimento, depressão, claustrofobia. Essas são algumas palavras que podem descrever uma das bandas mais obscuras da história do rock. E não é por menos, em apenas 4 anos de existência, o Joy Division saiu do submundo do pós-punk inglês para se tornarem uma lenda.

A música Shadowplay não foi o maior sucesso da banda, mas mostra de forma direta e passional, o que problemas emocionais podem fazer a um ser humano. Os arranjos lembram a trilha sonora de um filme de terror, o vocal impactante e direto faz lembrar aquele sonho em que você corre de um trem e a cada vez que olha para trás ele está mais perto. Pode correr, mas será inevitável.

Metáforas a parte, Shadowplay é o ponto alto de um estilo que nasceu e morreu em um curto espaço de tempo: o verdadeiro rock gótico, aquele nascido do pós-punk inglês levado a cabo por bandas como Bauhaus Siouxsie & the Banshees e sepultado com o fim do Joy Division, esse não volta nunca mais.

Tadinho dos aborrecentes de 14 anos que se vestem de preto e pintam lágrimas pretas no canto dos olhos escutando Evanescence e Nightwish. O que eles fariam se escutassem Joy Division, a verdadeira essência do rock gótico ?

Obs.: O vocalista e cérebro da banda, Ian Curtis, enforcou-se aos 23 anos de idade na casa dos pais em Manchester um dia antes da viagem da banda para sua primeira turnê mundial.

Qual seria a trilha sonora ideal para um criminoso que caminha em direção a cadeira elétrica ? Shadowplay é claro.

London Calling – The Clash.

The Clash.

 Se fosse possível destacar somente um único fator positivo no movimento punk da Inglaterra nos anos 70, esse seria a revelação do Clashpois essa banda possuía tudo o que o movimento tinha de positivo: fúria criativa, atitude, integridade e nenhum dos vícios: era uma banda politizada, porém sem o niilismo cego do punk. Eram tão bons que nem a contradição de ser uma banda punk em uma multinacional (Columbia/CBS) fez a banda perder o foco. O álbum London Calling é uma obra-prima do rock. A música homônima que abre o álbum também. A música foi parcialmente influenciada em um acidente em um reator nuclear na Pennsylvania, EUA, reparem no refrão: “a nuclear error“.  A música toca ainda em temas como, conflitos raciais, desemprego e uso de drogas. Se não der pra escutar o disco inteiro, escute a música de abertura: London Calling é uma oportunidade de sentir o feeling de uma das grandes bandas de rock de todos os tempos.

The Clash – London Calling.

Kashmir – Led Zeppelin.

Led Zeppelin.

 Qualquer lista de “melhores músicas do rock” que se preze, não poderia deixar de ter uma música de uma das maiores banda de rock que já pisou no planeta Terra, o Led Zeppelin. Agora ai é que tá ! Praticamente toda obra do Led Zeppelin é um tesouro. Discos da mais extrema qualidade, com músicas que após décadas de lançadas ainda influenciam 11 em cada 10 roqueirosKashmir entra aqui porque é “A Música” .

É a música definitiva do Led Zeppelin. É o nosso orgulho“, disse o vocalista Robert Plant. Todos os 4 integrantes da bandas são unânimes ao dizer que a música foi uma das maiores realizações musicais já feitas. Bom, se os caras do rock dizem isso quem sou eu, um mero admirador, pra dizer o contrário ?

Sem mais palavras. Escute e arrepie.

Led Zeppelin – Kashmir.

Epitaph – King Crimson.

King Crimson.

 O rock progressivo sempre foi motivo de muita controvérsia, mesmo entre roqueiros. Em determinado momento do rock, nos vimos deparados com bandas e músicos de extrema qualidade, criando canções que mais pareciam sair de um concerto de óperas. O paradigma do som alto, rápido e pesado fora quebrado por músicos da mesma safra que faziam tudo ao contrário. O rock progressivo é o famoso caso onde ou você ama ou você odeia. Eu prefiro ficar com a primeira opção. Bandas como Emmerson, Lake & Palmer, Yes, Gênesis, Focus, Jethro Tull, Rush e os “Deuses” do Pink Floyd, mostraram ao mundo que nem só de “barulho” vivia o rock. Composições longas, com harmonia e melodias complexas, aproximando-se muito da música erudita era a marca desse novo estilo.

Se estamos falando de coisa boa sugiro beber na fonte, e lá vamos encontrar a banda King Crimson. Em 1969 foi lançado o álbumIn The Court of King Crimson. Esse álbum foi simplesmente a cartilha do Rock Progressivo. Foi a primeira vez que uma banda de rock extirpou as bases de blues, sempre presentes em qualquer música de rock, e misturou jazz e elementos da música clássica. Todo o disco é impressionante, Peter Townsend to The Who o qualificou como “uma obra fantástica“. Um dos pontos altos da banda foi poder contar com o vozerão de Greg Lake, que sairia um ano depois para fundar o Emmerson, Lake & Palmer.

Uma das músicas que mais arrepiam no disco é Epitaph. A música faz uso pesado do mellotron (teclado polifônico, eletro-mecânico, originalmente desenvolvido e construído em Birmingham, Inglaterra, no início de 1960.)

Escute a música Epitaph, é rock progressivo feito com a alma.

http://www.youtube.com/watch?v=48sciFaO9B8

Bohemian Rhapsody – Queen.

Queen.

O que um PhD em astrofísica, um designer, um biólogo e um engenheiro eletrônico podem ter em comum ? Bom, eles podem ser amigos e talvez até fazerem parte (ou terem feito) de uma grande banda de rock, certo ?

Errado !

Brian May, Freddie Mercury, Roger Taylor e John Deacon não faziam parte simplesmente de uma banda de rock. Eles faziam parte do QUEEN.

Você sabe quem foi o Queen? Claro, a banda do cara de bigode. Ahhh !

Não, não era a banda do cara de bigode. Não existem palavras para definir o Queen.

Posso tentar dizendo que  com certeza o Queen é uma das “entidades” supremas do rock and roll. Uma das maiores bandas que já pisaram no planeta.

Queen não fazia shows. Eles regiam multidões. Foi a única banda a misturar perfeitamente rock and roll com ópera, com resultados extraordinários. Um desses resultados atende pelo nome de Bohemian RhapsodyUma música que ainda hoje foge aos padrões normais. Só uma banda como o Queen conseguiria criar uma música sem refrão com 3 partes distintas: uma balada rock, uma passagem de ópera e uma seção heavy rock. No fim juntar tudo e tornar a música umas das mais sensacionais obras do rock. A música “” ficou mais de 2 meses como número 1 na Inglaterra. Alcançou a primeira posição em outros 4 países. Ao longo dos anos a música tornou-se épica, ganhando diversos prêmios e sempre vindo a tona em listas das “melhores“.

Como diria Freddie Mercury: “Apenas escute a música e tire suas próprias conclusões

Uma curiosidade interessante: Certa vez, o multimilionário baterista do Queen, Roger Taylor, foi visto em uma lotérica. Até ai nada de mais, estaria ele pagando alguma conta ? Não, o batera do Queen foi visto preenchendo uma cartela de loteria. Tem base ?

Uma incrível versão ao vivo (no estádio de Wembley na Inglaterra – 1986).

A Day In The Life – The Beatles.

The Beatles.

 Para fechar esse Playlist de hoje, não poderia esquecer deles, o quarteto de Liverpool que revolucionou a música, simplesmente The Beatles. O baixo de Paul McCartney, a bateria de Ringo Starr, e as guitarras de John Lennon e George Harrison eram simples, geniais e revolucionários, o que eles faziam era diferente de tudo até então. Os Beatles foram simplesmente um divisor de águas na história da música, influenciaram quase tudo o que veio depois deles, direta ou indiretamente.

 A Day In The Life consegue mostrar exatamente a genialidade de John e Paul como dupla. A música é a junção de duas letras distintas, uma de John que era baseada numa séries de acontecimentos mas não possuia meio e uma de Paul que era um miolo sem nexo ou sentido, ao junta-lás você vê o resultado da penúltima faixa de “Sgt. Pepper’s” e a música escolhida como a melhor pela Rolling Stone, o resultado você confere abaixo.

The Beatles – A Day In The Life.

Por hoje é isso galera, espero que tenham gostado e apreciado esse primeiro “Playlist Rocknauta”, não se preocupem, que terão muitos outros pela frente, e muitas músicas boas ainda serão lembradas, frisando que isso não é um ranking de melhores músicas ou coisas do tipo, uma ótima noite a todos e até a próxima.

 

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