Vai chegando o final de ano, olhamos para trás, e muitas vezes um filme passa pela nossa cabeça, mostrando tudo o que aconteceu até o momento, desde janeira até dezembro, algumas memórias e coisas ainda estão frescas em nossa memória, outras porém nem tanto, filosofias aparte, vamos fazer hoje uma matéria especial, mostrando e falando sobre os grandes álbuns do Rock lançados no ano de 2012. Sem mais delongas, vamos aos trabalhos.
Muitos medalhões lançaram belos álbuns, alguns renascimentos de artistas que há muito não lançavam um disco de qualidade. Vejam abaixo os grandes lançamentos de 2012, que vale a pena dar uma conferida se ainda não ouviu:
Lamb Of God – “Resolution” – logo no comecinho do ano, veio este petardo, mais para um golpe fulminante de um lutador de MMA, uma porrada atrás da outra, um álbum inspirado destes norte-americanos que já podem ser considerados como uma grande banda de heavy metal – afinal, atingir a terceira posição na parada americana não é para qualquer um.
O Lamb Of God é uma banda da nova safra de boas bandas de heavy metal surgidas nos EUA a partir dos anos 2000, participantes de um movimento denominado New Wave of American Heavy Metal – nova onda de heavy metal americano. Outras bandas que também são consideradas partes deste movimento seriam Hatebreed, DevilDriver, Mastodon e Unearth. É um movimento que se originou com bandas como Pantera, Machine Head e Biohazard, que trouxeram de volta ao mainstream a poderosa influência thrash e hardcore.
Este novo álbum, “Resolution”, chega num momento importante para a banda, que vem de dois discos fortes e consagradores: “Sacrament”, que recebeu uma indicação ao Grammy; e “Wrath”, que na minha opinião é seu registro mais forte. Depois de muito excursionar promovendo seu último álbum, chegou a hora de gravar mais um grande disco e tentar se consolidar definitivamente na cena heavy metal mundial. Uma primeira dica de quão bom seria este álbum veio no começo de dezembro de 2011, quando o primeiro single foi lançado:“Ghost Walking”. Uma faixa intensa, os conhecidos vocais rasgados de Randy Blythe se aliando às guitarras de Will Adler e Mark Morton, com Chris Adler e John Campbell na cozinha segurando as pontas. Após uma faixa de tamanha qualidade, a expectativa aumentou bastante em torno do lançamento deste novo disco.
O álbum inicia com o peso monstruoso de “Straight For The Sun”, uma canção mais arrastada, porém curta, apenas um prelúdio para a próxima canção,“Desolation”, que emenda na anterior com seus riffs alucinantes de guitarra, com Blythe berrando a plenos pulmões, seus vocais característicos e marcantes. Já comentei acima o poder da terceira faixa e primeiro single do disco. “Guilty” acelera ainda mais o andamento, e “The Undertow” traz forte influência de Slayer nos seus riffs. “Barbarosa” é um tema instrumental curtinho, de pouco mais de um minuto, apenas uma introdução de luxo para a canção seguinte, “Invictus”, outra pancada de peso intenso – o baixo de Campbell se destaca e também te prepara para mais um grande solo – eles estão excelentes neste álbum.
A segunda parte do disco começa a toda com “Cheated”, outra de velocidade supersônica que te nocauteia com força – e a influência do Slayer mais uma vez se nota presente. “Insurrection” começa mais calma, e depois acelera um pouco, mantendo um andamento mais moderado que as outras faixas. “Terminally Unique”, “To The End” e “Visitation” mantém o ritmo do disco acelerado, com as características marcantes dele: muito peso, velocidade, riffs fortes e cortantes e o vocal rasgado de Blythe ditando o ritmo.
Na última faixa, “King Me”, temos a grande diferença, talvez uma das faixas que a banda mais tenha arriscado em toda a sua discografia. Um tema de andamento bem mais lento que os demais no começo, com teclados orquestrados ditando o ritmo ao lado das guitarras. Até mesmo Blythe muda sua característica vocal rasgada para cantar um pouco diferente. Claro, chega um ponto que a porradaria e a gritaria volta ao padrão. Não se assustem tanto, a canção é bacana e ficou bem legal.
E a banda acabou virando notícia com a prisão de seu vocalista, Randy Blythe, na República Tcheca, acusado de homicídio de um fã, que subiu no palco e teria sido empurrado por Randy e um segurança – vamos torcer para que tudo seja resolvido da melhor forma.
Van Halen – “A Different Kind Of Truth” – este disco foi a maior surpresa positiva do ano, sem dúvida. Depois de muitos problemas de relacionamento com o vocalista Dave Lee Roth, expulsão do baixista original Michael Anthony e turnês instáveis, ninguém esperava que o Van Halen soltasse algo de qualidade. A banda provou que ainda dá caldo (e como dá!), lançando o melhor disco em muitos anos, ultra-inspirado, um dos melhores discos do ano. Pena que a turnê que a banda estava fazendo teve muitas datas canceladas, e ninguém mais sabe se neste ano que se aproxima teremos mais shows da banda. Tomara que sim!!
No começo de fevereiro, alguns dias antes do lançamento oficial, o disco vazou na Internet. Pronto, foi uma correria aos sites de compartilhamento para baixar logo o petardo, afinal estes sites estão sob feroz ataque da patrulha americana e das gravadoras. Rapidamente, diversas resenhas começaram a surgir, todas em uníssono apontando para um disco muito bom. Como tenho o costume de escutar um disco por algum tempo antes de emitir minha opinião, aqui estou eu comentando sobre o novo disco do Van Halen depois que todo mundo já o fez…
Slash – “Apocalyptic Love” – Slash vem se ocupando de trabalho desde que saiu do Guns ‘N’ Roses. Já lançou discos pelo Snakepit, pelo Velvet Revolver e agora pela carreira solo. Neste álbum, ele tomou a opção de ficar apenas com um vocalista (o anterior teve diversos vocalistas convidados), seu cantor de turnê, Myles Kennedy. O disco ganhou diversos elogios e foi muito bem recebido pelos fãs e pela crítica especializada. E o guitarrista também excursionou muito promovendo este álbum, incluindo o Brasil (passou por aqui em novembro).
Joe Bonamassa – “Driving Towards The Daylight” – Joe é um menino prodígio e prova isso a cada lançamento que faz. Tanto faz que seja na sua carreira solo, como este álbum aqui, ou com o Black Country Communion, como veremos mais abaixo. Quando Bonamassa está presente, o disco tem incrível qualidade. Aqui, contando mais uma vez com o produtor Kevin Shirley, lançou mais um grande disco de bom gosto e qualidade, que conseguiu a proeza de atingir a segunda posição da parada inglesa, além de liderar a parada de blues norte-americana. Um de meus lançamentos preferidos deste ano!
O repertório do disco é composto de algumas poucas composições de Bonamassa (três) mais diversas covers, dos principais nomes do blues, como Willie Dixon, Howlin’ Wolf e Robert Johnson, além de artistas mais inusitados, como Tom Waits, Bernie Marsden (ex-guitarrista do Whitesnake, chegou a ser cogitado no UFO antes de Michael Schenker entrar na banda) e Jimmy Barnes (este último faz participação especial no disco cantando na sua própria cover).
O álbum foi quase todo gravado nos estúdios The Palms, em Las Vegas, exceção às canções “I Got All You Need”, “A Place In My Heart”, “Heavenly Soul” e “Somewhere Trouble Don’t Go”, que foram gravadas nos estúdios The Village Recorders, em Los Angeles. Para obter o delicioso som de guitarra que escutamos neste disco, Joe Bonamassa usou e abusou de guitarras modelo Gibson Les Paul, de anos variados, mas todas bem antiguinhas (Joe considera a melhor a que ele comprou primeiro, uma de 1959).
O disco começa com uma composição própria de Bonamassa, “Dislocated Boy”, uma canção bem moderna que abre o álbum em grande estilo. A seguir, temos “Stones In My Passway”, cover de Robert Johnson, e o disco entra de cabeça no “blues de raiz” (se é que existe termo semelhante…). A faixa-título, para mim a melhor do disco, é um tema lento, gostoso e suave, de uma qualidade extrema. Temos “Who’s Been Talking”, um clássico do bluesman Howlin’ Wolf, um riff que me remete a “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin. O blues continua rolando solto e passamos para “I Got All You Need”, de outro grande bluesman, Willie Dixon. Todas estas canções com interpretações inspiradas de Bonamassa e sua banda, com produção certa e bem direcionada de Kevin Shirley.
“A Place In My Heart”, cover de Bernie Marsden (ex-guitarrista do Whitesnake, da época blues rock da banda), recebe uma interpretação primorosa, com uso suave e moderado de um naipe de metais (me lembrou o saudoso Gary Moore) e um solo inspiradíssimo, ficando entre os grandes destaques do disco. “Lonely Town Lonely Street” é outro estandarte do blues, desta vez de um cantor menos conhecido, Bill Withers. A última composição de Bonamassa a figurar no disco, “Heavenly Soul”, é outra bela composição deste prodígio das seis cordas, com melodia cativante e bela performance no órgão Hammond de Arlan Schierbaum. “New Coat Of Paint” é outro belo blues, uma cover de Tom Waits. “Somewhere Trouble Don’t Go” traz forte influência de ZZ Top (Joe costuma fechar seus shows com uma música dos barbudos, “Just Got Paid”), e fica o conflito entre o encarte do CD e a Wikipedia: o encarte indica uma composição de Bonamassa, mas a enciclopédia online indica autoria de Buddy Miller (cantor americano de country). Fechando o álbum, temos a canção “Too Much Ain’t Enough Love”, cover de Jimmy Barnes (cantor australiano de sucesso em sua terra natal), interpretada pelo próprio.
O trabalho de produção de Kevin Shirley, mais uma vez, é impecável, deixando o som do álbum excelente e ressaltando as qualidades de Joe Bonamassa. Kevin deve ser o produtor com os melhores resultados atualmente – veja seus trabalhos com o Dream Theater, Iron Maiden, Black Country Communion. Meu pensamento é que ele é o Martin Birch dos anos 2000 (principalmente se pensarmos que ele tem trabalhado até com as mesmas bandas que Birch trabalhou, como o Maiden e o Deep Purple).
Enfim, álbum Indicado para seus fãs, para os que conhecem algum trabalho dele e para os que nunca o ouviram – não se arrependerão!
Kreator – “Phantom Antichrist” – este lançamento de uma das maiores bandas do thrash alemão trouxe a banda melodiosa, sem perder a força e o peso característicos. As reações geralmente foram positivas, e a banda tem excursionado muito para promover o disco. Inclusive foi anunciado recentemente que eles devem fazer parte de um Big Four germânico, junto das bandas Sodom, Destruction e Tankard, em festival na terra natal deles.
O disco começa com a instrumental “Mars Mantra”, apenas um pequeno prelúdio para a intensidade da faixa-título, provavelmente a melhor canção do disco, seguindo bem este novo estilo que o Kreator vem seguindo, um thrash mais cadenciado, com muitos elementos de heavy clássico. “Death To The World” segue em alta rotação, pesada e até mais rápida que a anterior, só que com uma quebra no meio da canção, aquele trecho marca compasso pra banda respirar e entrar em mais velocidade e solos supersônicos. Mais uma quebra na música, com guitarras dobradas e mais velocidade. Outra bela canção.
“From Flood Into Fire” começa com belo riff, dobrado pelos dois guitarristas, até cair em uma cadência de peso mais ritmada. O refrão é bem melodioso e a música talvez seja a mais suave do disco. OK, na hora do solo o bicho pega e a banda acelera. Mas depois voltamos a uma maior suavidade até com um pequeno trecho dedilhado. Diversos solos, diversas quebradas, uma música bem complexa. Talvez a canção mais atípica – você não espera tanta melodia do Kreator. “Civilization Collapse” começa com uma seção rítmica de Ventor, e depois de alguns versos de Petrozza, a banda desce o braço pra valer, na música mais rápida do disco, um petardo de primeira. Essa sim, é o que você espera do Kreator!
“United In Hate” começa com um trecho acústico bonito, bem feito, e feliz e rapidamente, as guitarras assumem e nos trazem riffs potentes em mais uma canção bem thrash. “The Few, The Proud, The Broken” é mais uma no estilo thrash cadenciado, bem pesada, e os elementos de heavy clássico bem presentes. Tem sido uma constante no disco até aqui, muitas quebras, mudanças de tempo, músicas bem trabalhadas, sem simplicidade nenhuma. “Your Heaven, My Hell” nos traz um Kreator altamente influenciado por Iron Maiden, todos aqueles elementos acústicos e progressivos que o Maiden tem mostrado recentemente. Claro que a canção traz o peso característico do Kreator, mas as influências do Maiden estão bem presentes. “Victory Will Come” mantém a pegada do álbum, num thrash cadenciado de primeira. Já “Until Our Paths Cross Again” nos traz uma canção mais épica, menos thrash e seguindo um caminho do heavy metal mais tradicional (como falei anteriormente, as influências de Maiden presentes).
O disco está muito bem trabalhado e a competência dos músicos está muito alta. Claro que a banda acaba perdendo pra ela mesma em comparação com discos do passado, como o excelente “Violent Revolution”, que me parece alguns degraus acima, apesar do estilo dos álbuns serem próximos. Mesmo assim, temos um belo disco desta banda clássica da cena metal mundial. Uma prova que esta banda ainda tem muito a nos mostrar, ainda tem sua força e tem demonstrado esta força nos seus últimos lançamentos. Que o Kreator traga sua turnê mundial ao Brasil!!
Rush – “Clockwork Angels” – depois de cinco anos, eis que os mestres do rock progressivo retornam com mais um disco, conceitual, de qualidade excelente, com peso, técnica apurada, remetendo aos melhores momentos da banda nos anos 90, como o álbum “Counterparts”. Conseguiram chegar na segunda posição da parada americana e estão em plena turnê de promoção. Que bom que agora o Rush está recebendo o reconhecimento que tanto merece – serão indicados em breve para o Rock And Roll Hall Of Fame!
O disco começa com as duas conhecidas, tocadas em todos os shows da turnê de 2010. Boas canções, a primeira com um bom riff e uma quebradinha de ritmo no refrão e a segunda com mais pegada e peso (reparem que a banda gravou uma nova introdução para esta versão de “BU2B”). A faixa-título vem a seguir, é a mais longa do álbum, e traz uma composição forte, alternando levadas calmas e mais aceleradas, com um refrão cativante – uma das melhores do álbum! “The Anarchist” parece ter saído do começo dos anos 80 e trazida à modernidade, aquelas típicas levadas dos grandes discos da banda, tipo “Moving Pictures” ou“Permanent Waves”. O baixo de Geddy Lee conduz com maestria o andamento da canção – é outra de grande destaque no disco.
Em “Carnies”, Alex Lifeson nos traz um riff com forte influência de heavy metal, comunidade que sempre foi muito influenciada pelo Rush.“Halo Effect” é uma lentinha linda, com andamento que me lembra outra grande canção da banda, “Resist”. “Seven Cities Of Gold” abre com o grande baixo de Geddy Lee e a seguir nos traz um riff matador, excelente, nos mostrando que a banda está afiadíssima e inspirada nas composições – outro grande destaque do disco. “The Wreckers” é uma canção típica dos últimos álbuns do Rush, com andamento moderado, sons mais modernos, muito teclado. A melodia e o refrão dela acabam te ganhando.
“Headlong Flight” é o single mais recente do disco, foi lançado em abril deste ano (um vídeo foi feito para esta canção). Ela compete com a faixa-título como a melhor canção do álbum. O baixo de Lee, que introduz a canção, conduz e traz um ritmo forte, que é rapidamente acompanhado pela guitarra de Lifeson e a bateria de Peart. O riff inicial se repete no refrão e a canção ganha muita força – grande música!! “BU2B2” é uma curtinha rápida, apenas completa a sequência da história. “Wish Them Well” é outra moderninha que ganha valor com sua bela melodia e um refrão forte. O álbum fecha com a lindíssima“The Garden”, que dá o clima perfeito de desfecho da história. Um encerramento com chave de ouro!!
Enfim, “Clockwork Angels” é um disco de extrema qualidade, com grandes melodias e performances, que você vai gostando cada vez mais, conforme vai escutando e percebendo todas as nuances que ele nos traz. Um trabalho que lembra os grandes discos da banda (o último trabalho do Rush que me empolgou desta forma foi “Counterparts”) – se este novo trabalho é superior aos anteriores, só o tempo dirá! O disco estreou na segunda posição na parada americana e no topo da parada canadense. Uma bela estreia!!
Testament – “Dark Roots Of Earth” – mais um disco gravado pela formação quase que original do Testament – apenas o baterista Louie Clemente não participou. E mais um disco fantástico, sem exagerar em clichês repetitivos ou fórmulas desgastadas. As composições fortes e inspiradas da dupla de guitarristas Eric Peterson e Alex Skolnick tornam este um dos melhores discos da banda e um dos melhores lançamentos de 2012.
Este novo álbum não se trata de nenhuma repetição do álbum anterior – nem mesmo considero uma continuação. Também não revive algum disco do passado. A banda fez seu trabalho focada no presente e com muita qualidade. Escutando o disco o que percebemos é que a banda permanece fiel, de modo geral, ao thrash metal, com riffs rápidos e cortantes de Eric Peterson, e grandes solos de Alex Skolnick. A cozinha com Greg Christian e Gene Hoglan segura as pontas e acaba também se sobressaindo. Chuck Billy continua um grande vocalista, um dos melhores do gênero, e sua performance é grandiosa. Musicalmente, a banda nos trouxe um disco que conseguiu combinar o peso monstruoso, já característico da banda, com uma melodiosidade incrível, resultando em mais um álbum de destaque da banda.
O álbum abre com “Rise Up”, riff arrasador no melhor estilo rascante, e já mostra que a banda não veio pra brincadeira – uma arrasa-quarteirão logo de cara, para não restarem dúvidas de que se trata de um grande disco de thrash. “Native Blood”, o segundo single do disco, traz um estilo de peso forte, mas ainda assim com melodias cativantes, uma musicalidade incrível – destaque para os vocais de Chuck Billy, cada vez melhores. As melodias continuam presentes na faixa-título, uma canção moderada que vai crescendo em intensidade, até atingir o clímax no belo refrão. “True American Hate”, primeiro single do disco, é outra arrasa-quarteirão de primeira, talvez a melhor do álbum. Curioso notar que esta e a próxima canção tem créditos nas letras do primeiríssimo vocalista da banda, quando ela ainda se chamava Legacy, Steve Souza, ex-Exodus.
“A Day In The Death” é uma composição em parceria com o baixista Greg Christian (a maioria das composições é de Eric Peterson, com contribuições de Alex Skolnick e letras de Chuck Billy), e o baixo, como era de se esperar, se destaca bem – uma canção forte, mas mediana em comparação aos demais petardos. “Cold Embrace” é a canção mais longa do disco, uma música mais lenta, com aqueles trechos mais pesados, a balada épica do disco, com um belíssimo solo de Skolnick, mais um grande destaque do álbum. “Man Kills Mankind” traz de volta os arrasa-quarteirões, com riffs rasgantes e galopantes. “Throne Of Thorns” começa com aqueles mais que manjados dedilhados e aos poucos o peso vai tomando conta e de repente um riffaço ultra-inspirado em Black Sabbath entra arrasando. Outra música longa do disco, mais de sete minutos de um metal de primeiríssima e um dos maiores destaques do disco também – fico entre esta e“True American Hate” como as melhores. Encerrando o álbum, temos “Last Stand For Independence”, e o disco se encerra assim como começou: com riffs de primeira, velocidade, mais uma porrada de primeira.
As faixas bônus se dividem entre três covers e duas versões diferentes de canções do álbum. Das covers, a que mais gostei foi a do Queen, “Dragon Attack” (canção do álbum “The Game”), ficou muito boa. A cover do Scorpions, “Animal Magnetism”, trouxe um ar mais sombrio e pesado ao original e também ficou bem legal. Já a versão de “Powerslave”, do Iron Maiden, vai te ganhando com o tempo. Chuck Billy é um grande vocalista, mas tentar cantar um grande clássico na voz de Bruce Dickinson é muito difícil. Ele tentou e não se saiu mal, mas ainda sim não curti tanto esta cover. As outras duas faixas bônus são apenas versões diferentes de canções do disco, incluindo a participação do baterista Chris Adler, do Lamb Of God, em uma delas.
Em suma, temos um trabalho de primeira do Testament, mais um na carreira destes norte-americanos que, ano após ano, vem se firmando no primeiro time de grandes bandas do heavy metal. Não vou entrar no mérito de se este disco é melhor ou pior que os demais da banda – como li em outra resenha deste disco, deixemos que o tempo passe e aos poucos o transforme no clássico que parece merecer se tornar.
Kiss – “Monster” – como li alguém falando sobre este disco: quando todo mundo pensava que os caras do Kiss iam ficar só no esquema de turnê comemorativa e venda de bugigangas, os caras ressurgem das cinzas com “Sonic Boom”, um belo álbum. Não satisfeitos, embalaram em seguida (três anos depois) este outro disco, “Monster”, ainda mais forte e encorpado, consolidando de vez esta nova formação da banda, com Eric Singer na bateria e Tommy Thayer nas guitarras. A produção de Paul Stanley tem optado por um som cru, direto, na face, sem baladas, como a maioria dos fãs da banda preferem. E tem dado muito certo!! Outro grande petardo na discografia da banda.
Lançado no dia 09/10/2012, uma terça-feira, “Monster” repete a parceria produtiva entre Paul Stanley e Greg Collins. Stanley pode ser considerado o cérebro por trás da sonoridade deste álbum – assim como aconteceu com o disco antecessor, “Sonic Boom”. Também é o principal compositor, participando na escrita de quase todas as faixas, com exceção de apenas duas (uma de Simmons e outra de Thayer). A produção de Stanley está bem caprichada, melhorou bastante desde o disco anterior e ressaltou a qualidade deste trabalho. É como se “Sonic Boom” tivesse sido apenas um ensaio da banda, preparando o terreno e tentando capturar a reação de sua enorme base de fãs; com o sucesso e a boa recepção, a banda se aprofundou um pouco mais e soltou “Monster”, uma clara evolução sonora e musical, com composições mais fortes e encorpadas. As performances dos membros também são destaque, em especial o vocal de Gene Simmons e as guitarras de Paul Stanley e Tommy Thayer.
O disco é uma grande sopa de influências dos anos 60 e 70. A sonoridade, pra começar – em diversos pontos, você tem aquela sensação de deja-vu: “Freak” te lembra Jimi Hendrix; em “Long Way Down”, a introdução é Jeff Beck puro (e copiado, da canção “Shapes Of Things”); “Eat Your Heart Out” parece até saída de um disco antigo do próprio Kiss, com todos os elementos clássicos que a banda utilizava naquela década. Temos canções absolutamente empolgantes, como é o caso de “Back To The Stone Age”, a melhor do disco para mim; temos também canções melodiosas incríveis, como “All For The Love Of Rock & Roll”, cantada pelo baterista Eric Singer. Aliás, assim como no álbum anterior, as canções cantadas por Singer e Thayer são destaques, ficaram muito boas.
O álbum abre com o primeiro single, “Hell Or Hallelujah”, que me passou uma impressão errada quando escutei a primeira vez – me passou um som metalizado que não gostei, porém com mais algumas audições, percebi que se tratava de uma canção empolgante, alegre, no melhor estilo Kiss. “Wall Of Sound” vem a seguir, bom riff, talvez a mais moderna do disco, lembrando um pouco o álbum “Revenge”. “Freak” foi a que menos gostei, provavelmente a composição mais fraca do disco. Já a faixa seguinte, “Back To The Stone Age”, é a minha preferida, um riff forte e empolgante, o começo crescente, bela performance vocal de Gene Simmons, o refrão grudento, Tommy Thayer arrebentando no solo, tudo conspirando para este futuro clássico da banda. “Shout Mercy” também empolga, mas não tanto quanto a anterior. “Long Way Down”, conforme já falei, tem a introdução roubada (ou seria homenagem?) de Jeff Beck, mas é uma boa canção. “Eat Your Heart Out” é outra que tem tudo para ser clássico no futuro, com todos aqueles elementos cativantes e que agradam todos que gostam da banda. Um ritmo forte mantido por um bom riff e mais um refrão grudento garantem outra grande canção deste álbum.
“The Devil Is Me” tem aquele clima soturno que envolve o personagem de Gene Simmons, uma canção mais pesada, temática da letra mais que adequada, e o riff garante o peso que a música exige. A seguir, as duas canções cantadas pelos outros membros: primeiro, “Outta This World”, cantada por Tommy Thayer, e a seguir “All For The Love Of Rock & Roll” cantada por Eric Singer. Ambas ficaram muito boas e são destaques do álbum (eu prefiro a cantada por Singer, melodia caprichada e ideal para o baterista brilhar).“Take Me Down Below” tem vocal dividido por Gene Simmons e Paul Stanley, uma composição de primeira que também se destaca. O álbum se encerra com “Last Chance”, empolgante e pulante como uma música do Kiss deve ser, encerrando muito bem este belo disco. Bem, para quem adquirir o álbum digitalmente pelo iTunes, temos ainda a mediana “Right Here Right Now”, com vocal de Paul Stanley.
O álbum estreou na parada americana abocanhando o terceiro lugar, uma posição abaixo do disco anterior, que ficou em segundo na semana de estreia – aliás, este segundo lugar foi o melhor resultado que o Kiss obteve em termos de posição na parada; o terceiro lugar vem a seguir, tendo sido atingido pelo disco “Psycho Circus” e por este. Um belo resultado, mostrando a força que a banda ainda tem.
É muito bom ver e comprovar que o Kiss está na ativa não apenas com turnês de reunião, mas lançando álbuns de qualidade, como os dois últimos. Esta formação ainda tem gás para novos petardos de qualidade, é esperar pra ver!!
Black Country Communion – “Afterglow” – era pra ser uma festa e alegria o lançamento de mais um álbum deste supergrupo que já provou que tem muita qualidade. Mas, pouco antes do lançamento, um arranca-rabo entre Joe Bonamassa e Glenn Hughes deram uma estragada no clima. Hughes quer que Bonamassa excursione mais com o BCC, só que o guitarrista dá preferência a sua carreira solo, que provavelmente dá mais grana pra ele. Apesar das divergências, o disco foi lançado e é maravilhoso, uma sopa de influências dos anos 70 com interpretações magistrais e inspiradas, e obteve a melhor colocação na parada até o momento para a banda. Ficamos na torcida para uma turnêzinha que passe por aqui pelo Brasil.
O álbum abre com “Big Train” e um riff suingado, toda a influência funk que Glenn Hughes pode nos fornecer, ali presente. Parece continuação do “Come Taste The Band”, do Deep Purple, mas não é, e é muito bom. Aliás, as performances vocais de Hughes neste álbum estão fantásticas, as melhores dentro de discos do Black Country Communion. Para o solo, Joe Bonamassa acertou bem e ainda conseguiu casar bem com a levada da canção. A seguir, um riff arrepiante preenche totalmente nossos ouvidos: é a segunda faixa, “This Is Your Time”, um rockão típico dos anos 70, só que feito hoje por esta grande banda. Outro belo solo de Bonamassa, garoto prodígio do blues que sempre declarou seu amor pelo blues rock inglês dos anos 60/70. E, percebam, nestas canções e em diversos momentos mais deste álbum, o teclado de Derek Sherinian se faz presente, bem audível. Uma feliz correção a uma injustiça que vinha sendo feita com ele.“Midnight Sun” é totalmente The Who, a introdução me remete totalmente a “Won’t Get Fooled Again” – o próprio Hughes reconheceu isto em entrevista. O restante da canção não tem muito a ver, e se desenvolve como mais um rock de boa qualidade – ah, o finalzinho também remete ao The Who, mesma canção.“Confessor”, primeiro single do álbum, é grande destaque com sua pegada bem hard rock, acelerada, e o riff de Bonamassa marcando forte – o duelo de solos entre ele e Sherinian nos remete aos melhores dias do Deep Purple. “Cry Freedom” é a única canção com vocais de Joe Bonamassa (compartilhados com os de Glenn Hughes), e é estranho, já que nos outros dois discos ele cantava bem mais (duas em cada álbum. Será que os desentendimentos começaram antes?). Mesmo assim, este dueto vocal ficou excelente, e é outro destaque do disco.
Aerosmith – “Music From Another Dimension!” – após um grande hiato (oito anos desde o último disco, e onze anos desde o último disco com composições da banda), eis que o Aerosmith resolve lançar finalmente um álbum de inéditas. Depois da confusão com o vocalista Steven Tyler, que quase saiu da banda graças a sua participação no American Idol, ninguém esperava um disco tão cedo. Acabou saindo, e temos bons momentos rock and roll no álbum. Pena que a banda exagerou na quantidade de baladas, diluindo muito o disco e tirando um pouco do seu punch. O álbum ainda alcançou a quinta posição na parada americana, um bom resultado, porém inferior aos grandes sucessos da banda como “Get A Grip” e “Nine Lives”, que lideraram a parada. É bem possível que a banda faça turnê por aqui ano que vem, é só aguardar.
Bem assim terminamos essa matéria retrospectiva dos lançamentos de 2012, se você não ouviu algum desses álbuns, aconselho dar uma conferida, pois você extrair muita coisa boa deles. Enfim, me despeço hoje, agradecendo a todos que nos acompanharam nesse ano de 2012 junto ao Blog Rocknauta, meus sinceros agradecimentos, que possamos estar juntos, firmes e fortes em 2013, e com muito Rock n’ Roll para falarmos, vivermos e sentirmos, termino deixando alguns vídeos de músicas desses álbuns lançados em 2012.
Lamb Of God – The Undertow (reparem a influência de Slayer – por volta de 1:33).
Van Halen – China Town.
Black Country Communion – The Confessor.
http://www.youtube.com/watch?v=kdZC18y8XKk
RUSH – Headlong Flight.
Testament – True American Hate.
Kiss – Eat Your Heart Out.
Tenham todos uma ótima tarde, boas festas e até próxima galera!!!